quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Os Juro no Brasil

 elevação da taxa básica de juros, em linhas gerais, impacta as decisões de investimentos pelas seguintes razões:
o custo de oportunidade de realizar investimentos na renda fixa diminui e no que pese a volatilidade e incertezas inerentes às bolsas de valores, aplicações mais conservadoras em um cenário de juros mais elevados se tornam mais atrativas e confortáveis;
- juros mais elevados impactam a economia tanto no lado do consumo das famílias como na perspectiva dos investimentos, aqui entendido como os recursos utilizados pelo setor produtivo para a aquisição de máquinas e equipamentos visando a elevação da capacidade produtiva das empresas;
- a taxa de juros tem impacto relevante no endividamento público, seja pela diminuição da arrecadação de tributos em um cenário econômico menos aquecido, seja pelo custo do carregamento dos títulos indexados à taxa básica da economia;
- apesar dos inconvenientes do aumento da taxa de juros, tal atitude pode representar um compromisso com o controle da inflação – algo cobrado constantemente pelos mercados.
Lembremos que as bolsas de valores são movidas por projeções, interpretações e percepções e, por isso, em muitos casos um compromisso – formalizado ou não - vale muito mais do que as reais condições econômicas e corporativas do momento.
Mais especificamente, alterações na taxa básica de juros influenciam as bolsas de valores por meio do mercado a termo, seja pelas operações de financiamento ou de caixa.
Vejamos cada uma delas.
Nas operações de financiamento, o investidor tira proveito do fato da taxa de juros implícita no mercado a termo ser maior do que a taxa do mercado. Portanto, o investidor adquire ações à vista utilizando recursos de terceiros ao custo SELIC, e as vende no mercado a termo, recebendo os juros da operação a termo e beneficiando-se do diferencial entre as taxas.
Nas operações de caixa, o investidor se beneficia do fato da taxa de juros implícita no mercado a termo ser menor do que a taxa do mercado. Assim, o participante vende suas ações no mercado à vista, fazendo caixa, e recompra a mesma quantidade de títulos a termo, de forma a manter sua posição original. O capital obtido pela alienação dos papéis aplicado à taxa SELIC cobre o custo da compra a termo das ações.
Vale mencionar também a relevância da taxa básica da economia na oferta e demanda por títulos corporativos de renda fixa cujos rendimentos são atrelados à SELIC.
As debêntures ou títulos corporativos pagam remunerações atreladas a índices de inflação, taxa de juros e, em alguns casos, aos lucros das companhias emissoras. Portanto, um dos riscos da aquisição desses títulos é a volatilidade da taxa básica do mercado, cujas oscilações induzem os investidores a migrarem para investimentos com outras características.
É importante observar que a aquisição de um título requer atenção aos movimentos da taxa de juros, já que o preço e o rendimento do ativo mantêm, respectivamente, relações inversamente e diretamente proporcionais à variável em questão.
O preço do ativo responde negativamente a uma elevação da taxa básica de juros porque haverá títulos mais atrativos no mercado pagando rendimentos maiores e, dessa forma, a pressão vendedora tenderá a derrubar a cotação do ativo. O inverso ocorrerá quando houver uma redução da taxa de juros.
Quanto ao rendimento, a relação direta com a taxa de juros garante a atratividade do título e a manutenção de sua demanda em uma perspectiva de elevação da taxa básica.
Quando existe um acirramento da disputa política, as palavras carregam pouca confiabilidade – vide a postura da presidente reeleita que apontava o dedo para o seu oponente sugerindo ser dele a inclinação por juros mais elevados, mas que poucos dias após a sua vitória nas urnas anunciou um aumento da taxa básica da economia.
Os investidores buscam previsibilidade, mas infelizmente é o que menos eles têm encontrado no Brasil nos últimos anos.

fonte : site exame.com

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